domingo, 12 de setembro de 2010

BANANA POWER FENÓMENO DOS ANOS 80


Foto de Carlos Abreu - Espaço de Fans do Banana Power no Facebook

TEXTO DE APOIO À CRÓNICA : O FIM DA ADOLESCÊNCIA


Discoteca. Frequentada por ministros, diplomatas...


por Rita Roby Gonçalves 07 Fevereiro 2009

Certa noite o então primeiro-ministro, Francisco Pinto Balsemão, chegou com a namorada, Tita Presas, para mais uma noite de descontracção e muita dança. Ao deparar-se com Manecas Mocelek, um donos da boite, Balsemão disse em tom de brincadeira: " Então Manecas como vai a noite?". O outro retorquiu em tom irónico: " A noite vai bem, não sei é como vai o dia. Você trate do dia que eu trato da noite". A gargalhada foi geral e o episódio ficou para a história do Banana Power conhecido, simplesmente, como Bananas.

Inaugurado a 1 de Junho de 1981, em Alcântara (onde se encontra actualmente a discoteca Twins), o Bananas representou um balão de oxigénio para uma sociedade ávida por descontrair após as tensões do pós 25 de Abril. Verdadeiro fenómeno, desde a primeira noite arrastou multidões de todas as idades que não se importavam de esperar numa fila que se arrastava por 300 metros e chegava ao largo de Alcântara. Hoje, os saudosistas dizem: "nunca mais houve nada assim".

A história do Banana Power tem raízes ainda antes da revolução. No início da década de 70, Manecas Mocelek, Jorge Caiado e Diogo Saraiva e Sousa fundaram a boite Stone's. Mas em 1975, perante ameaças de bomba e outros contratempos próprios desse ano quente, Mocelek fugiu para Angola, depois para o Brasil e acabou a trabalhar como director da discoteca Via Brasil, em Paris, propriedade do seu amigo Gui Casteja. Mais tarde foi convidado para dirigir o famoso Regine's no Rio de Janeiro e em Salvador.


Manecas Mocelek


Preparado para regressar a Portugal, no início dos anos 80, Mocelek desembarcou em Lisboa com muitas ideias inovadoras.

" Ele queria fazer um espaço como tinha visto lá fora: com boite, clube privado e restaurante", contou ao DN Jorge Caiado um dos sócios fundadores do Bananas (os outros eram Hermano Margarido, Miguel Polignac, Luís Nogueira e António Ferreira de Almeida).

A estética de John Travolta, globos de espelhos cintilantes, disco sound e o filme Saturday Night Fever tiveram uma influência determinante na criação do Bananas. Os hits internacionais chegavam aos decks do DJ pela mão do pessoal de bordo da TAP que viajava com uma lista de encomendas musicais pedida expressamente pelos donos da boite.

Foto de Carlos Abreu - Espaço de Fans do Banana Power no Facebook

Os tempos eram outros e os discos chegavam a Portugal nessa altura com muitos meses ou até anos de atraso em relação ao seu lançamento na maior parte dos outros países da Europa, que então parecia longínqua em tantos aspectos.

"Tínhamos amigos em companhias aéreas a quem pedíamos a lista semanal de hits da revista Billboard. Chegávamos a ter discos que a Valentim de Carvalho só tinha à venda três ou quatro meses depois", contou Jorge Caiado.
Foto de Carlos Abreu - Espaço de Fans do Banana Power no Facebook


À porta o critério de selecção era muito rígido. Vítor, o porteiro, sabia bem o tipo de clientela que agradava a Manecas Mocelek. "Não havia elitismos. Queríamos era gente gira e divertida. Provavelmente muitas das pessoas que hoje aparecem nas revistas cor-de-rosa não entrariam no Bananas naquela altura", confessou Jorge Caiado.

Oscar e o meu amigo Vitor , os porteiros do Bananas
Foto de Carlos Abreu - Espaço de Fans do Banana Power no Facebook

Bilhete de 28 de Junho de 1981
Foto de Johnnie Seguro Simões - Espaço de Fans do Banana Power no Facebook


Na rua lateral à entrada principal, outra porta mais discreta dava acesso a um bar e restaurante, separados do resto da boite por uma divisão em vidro, a que se convencionou chamar "o privado". Era esse o espaço dos amigos dos donos, um lugar exclusivo a que só um grupo reduzido de pessoas tinha acesso.

O ''Privado''
Foto de Carlos Abreu - Espaço de Fans do Banana Power no Facebook


Para entrar era preciso ter um cartão ou ser convidado por um membro daquele "clube" restrito. Em dois anos, foram distribuídos 600 cartões de acesso ao "privado".

Foto de Carlos Abreu - Grupo de Fans do Banana Power no Facebook



A decadência chegou depois. Três anos e meio após a inauguração, um novo grupo de sócios juntou-se a Manecas Mocelek e a Jorge Caiado.

Entre os novos investidores encontrava-se Tomás Taveira. Com a construção das torres das Amoreiras, o arquitecto estava na berra e tinha conseguido entrar em certos círculos da alta sociedade. Todos juntos à frente dos desígnios do Bananas duraram pouco. Primeiro saíram Manecas Mocelek e Jorge Caiado, depois o escândalo sexual que envolveu o arquitecto e a abertura da discoteca Alcântara-mar a poucos metros de distância encarregaram-se de afastar a clientela e de acabar com a boite mais famosa de Lisboa.

Vitor Paixão, Bininho, Vitor ''Fantástico'' e José Augusto, os Barmen
Foto de Carlos Abreu - Espaço de Fans do Banana Power no Facebook


Os Vitores no ''Privado''
Foto de Carlos Abreu - Espaço de Fans do Banana Power no Facebook



In Diário de Noticias

1 comentário:

Anónimo disse...

Paulo Caiado, meu ganda «cabrão»!!! Estava longe de te encontrar aqui!!!

:-)

Já estamos vetustos, pá!!!

Abraço,

Mário (colega de turma)