O relógio na parede marca 2h da manhã, quando entra, passo rápido e apressado, olhar em redor como procurando algo.
Fixa o olhar num canto, onde várias pessoas, sós ou a falar, mostram inquietação. Volta novamente a olhar em torno de si, e revela uma expressão de alívio ao fixar o olhar num vidro com uma fila de pessoas a aguardar.
A sua agitação revela uma ansiedade, aliás, comum à maioria das pessoas que permanecem naquele espaço. Indiferentes aos sons, de vozes sussurrantes, vozes alteradas e mesmo agressivas, portas que se abrem e fecham, passos de corrida, gritos, televisões colocadas em diferentes sítios e com diferentes canais sintonizados, choros, ressonares, e uma voz que, de quando em vez, soletra nomes quase indecifráveis no som do altifalante. Na rua ouvem-se vozes, passos, travões, chiar de pneus, diferentes viaturas a circular, portas que batem violentamente, sirenes…
De repente, olha e vê-se frente ao vidro onde alguém vestido de branco lhe pergunta:
- Boa noite. Tem o cartão de saúde? O nome e o motivo por que vem à urgência…
Rapidamente, responde:
- Boa noite. Tenho o cartão. O meu nome é Alzira… e há uma hora que ando de carro a percorrer bombas de gasolina, sempre fechadas, e preciso que me troque dinheiro para tirar um café na máquina!
(post da Cláudia Tonelo escrito em 5 Junho 2002 22.05h)
Rui Veloso no Passeio Dos Alegres do Júlio Isidro Anos 80. - Um Café e Um Bagaço
Sem comentários:
Enviar um comentário