Durante cerca de um ano, escrevi regularmente no espaço do Facebook com o mesmo nome, as crónicas que descreviam os principais eventos que presenciei de 1968 a 1986. É a minha vida mas também é o retrato de uma época. Alguns amigos ajudaram-me com alguns textos nessa tarefa e este espaço estará sempre aberto a novas partilhas. As crónicas daquilo que eu queria ter contado já terminaram mas o espírito de grupo de todos os que nelas se reconhecem, continuará para sempre.
sexta-feira, 9 de julho de 2010
POEMA À AMIZADE DE FERNANDO PESSOA
Um dia a maioria de nós irá separar-se.
Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora,
das descobertas que fizemos,
dos sonhos que tivemos,
dos tantos risos e momentos que partilhamos.
Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia,
das vésperas dos finais de semana, dos finais de ano, enfim...
Do companheirismo vivido.
Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.
Hoje não tenho mais tanta certeza disso.
Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou
por algum desentendimento, segue a sua vida.
Talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe...
nas cartas que trocaremos.
Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices...
Aí, os dias vão passar, meses... anos... até este contacto
se tornar cada vez mais raro.
Vamo-nos perder no tempo....
Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias
e perguntarão: "Quem são aquelas pessoas?"
Diremos...que eram nossos amigos e......
Isso vai doer tanto!
-"Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minha vida!"
A saudade vai apertar bem dentro do peito.
Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes
novamente......
Quando o nosso grupo estiver incompleto...
Reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo.
E, entre lágrima abraçar-nos-emos.
Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes
daquele dia em diante.
Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar
a viver a sua vida, isolada do passado.
E perder-nos-emos no tempo.....
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo:
não deixes que a vida passe em branco,
e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades....
Eu poderia suportar, embora não sem dor,
que tivessem morrido todos os
Meus amores,
mas enlouqueceria se morressem todos
os meus amigos!"
Fernando Pessoa
Publicada por
Paulo Caiado
à(s)
20:40
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Etiquetas:
Fernando Pessoa,
poesia
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