terça-feira, 14 de setembro de 2010

O FIM DA ADOLESCÊNCIA



1ª PARTE – DO BANANAS AO JAMAICA

Em 1981 fui estudar para Lisboa mas mantive sempre a minha estreita ligação a Caldas que nunca se perdeu até aos dias de hoje.

De resto, mesmo quando comecei a ganhar novas amizades na grande cidade e a entrosar-me com o ambiente nocturno da capital nunca deixei de repartir os fins-de-semana entre as duas cidades, procurando o melhor de cada uma.

Cafés ou gelatarias como a Versailles, o Galeto, a Ceuta, a Mexicana e a Roma, o Tic-Tac e a Suprema, a Biarritz, a Suiça, a São Remo, a Londres e a Surf faziam as vezes da Zaira, Taiti, Machado, Maratona, Central ou Gato Preto.

Locais de diversão diurna como o Jardim-Cinema substituíam o Camaroeiro.

Bares como o Happening e mais tarde o Xafarix, o Berro, a Drogaria Ideal, o Procópio e o Mosaico, o Bora Bora, o Frágil, o Foxtrot, o Pavilhão Chinês, o Café-Concerto, o Saddle Room, o Deck, o Piper’s ou a Carruagem tomavam por vezes o lugar da Cave do Vale ou da Biquinha, do Café-Tabaco, do Solar e do Sitio da Várzea..

E o Banana Power, o Up and Down, o Ad Lib ou o Stones, o Jamaica, o Van Gogo e o 2001, o Seagull ou o Maria Bolachas, o Plateau (mais tarde) o Loucuras e o Stringfellows, o Roller e o Whispers, o Rock Rendez-Vous e o Noites Longas, o Skylab, o Porão da Nau e o Archote, a Primorosa de Alvalade, o Charle’s Place, o Beat e o Brown’s, o Rolls e o Juliana’s e tantos, tantos outros, iam tomando o lugar do Green Hill, do Bonnie, do Ferro Velho e da Azenha.

Mas nada, mesmo nada, substituía a emoção de estar entre amigos, de encontrar os amigos de sempre, uma emoção que só podia viver nas Caldas!

E sempre que os amigos das Caldas iam à grande cidade era uma grande farra!

Um dia convidei o Rui Rodrigues para ir lá passar uma noite para ver o ‘barulho das luzes’’ de Lisboa.

Arrancámos para o Banana Power e quando chegámos a fila para entrar devia de ter cem metros. Julgo que o Bananas foi a primeira discoteca em Portugal a implementar o conceito ‘’deixa-os secar!’’ para aumentar a curiosidade sobre a discoteca e sua atractividade. O porteiro, o Vitor, era particularmente bom no seu métier e a malta apanhava valentes secas a não ser que fosse um dos seiscentos afortunados que possuíam um cartão para entrar pelo Privé. A minha amizade com a RP valeu-me um cartão azul que não dava tanta patine como o dourado mas já me permitia entrar sem complicações.

Esse cartão foi a sorte de muitos e particularmente de um. Tinha um amigo que tinha uma grande dificuldade em ser monógamo e geralmente mantinha duas namoradas, quando não eram três. E depois não eram simples flirts, tipo uma namorada em cada porto, mas verdadeiros namoros de ir jantar com os pais das desgraçadas a suas casas.

Para a festa do 1º aniversário do Banana Power toda a gente procurou o exclusivo e limitado convite. E claro que as suas duas namoradas lhe pediram para ir! Como resolver então o problema? Bem, disse a uma que ia para fora de Lisboa por compromissos inadiáveis e levou a outra. Só que a primeira dama decidiu ir na companhia das suas amigas e só não deu de caras com o galã porque eu a vi primeiro! Tive que ir a correr avisar o desgraçado que fugiu com o meu cartão para o Privado na companhia da segunda dama (que não sabia de nada, claro!).

O pior foi quando a primeira dama decidiu ela também ir para o Privado! Nessa altura o meu amigo não teve outro remédio se não refugiar-se na casa de banho onde ficou quase toda a noite! No final acabei eu por ir dizer ao seu par que o rapaz tinha tido um desarranjo intestinal e tinha corrido para casa e tive de eu mesmo a levar para sua casa enquanto ele se mantinha na casa de banho, impossibilitado de sair, enquanto a outra namorada se mantinha por perto! Longa história, enfim!

Mas voltemos à primeira história!

Lá entrámos ao som Frankie Goes to Hollywood (Relax don't do it; When you want to to go to it; Relax don't do it; When you want to come) e a pista e todo o varandim estavam completamente apinhados. Nem sequer era divertido lá estar e por uma vez o Vitor tinha razão, alguns teriam que sair para que alguém pudesse entrar.

Frankie Goes to Hollywood - Relax

Perante isto, e após um gin tónico tomado a correr, decidimos dar um salto ao Jamaica de que o Rui ouvira muito falar.


Situado em pleno Cais do Sodré, por baixo dos arcos da Rua Nova do Carvalho e entre várias casas de alterne, o Jamaica era o centro da juventude mais ligada à actividade artistica e cultural. Como o nome indicava, a cultura reggae estava muito presente (com posters de Bob Marley, Peter Tosh, Jimmy Cliff e dos Wailers um pouco por todo o lado) mas no Jamaica tocava-se de tudo, desde que fosse bom!

Como habitualmente antes de entrarmos fomos ganhar ânimo ao Flor do Alecrim, uma taberna louca, louca, onde metíamos uns valentes pernaltas!

O Jamaica tinha o Dj mais popular de Lisboa, o homem da rádio Mário Dias, mas naquele dia da semana era habitual a presença de Luis Filipe Barros e não podíamos perder a oportunidade.

Mal entrámos, o Rui deu de caras com uma moça bastante avantajada que sentada em cima do balcão à direita da porta de entrada olhou para ele, abre a camisa e mostra-lhe os seus belos seios!

- São giros não são?! – perguntou-lhe ela quase gritando-lhe ao ouvido. O Rui olhou para mim de braços abertos e cara de espanto. A coisa começava bem! Bem vindo ao Jamaica!!!

A noite até acabou por ser bastante agradável e alegre não fora o facto da dita moçoila no final da noite vir meter-se de novo com o Rui mas pelo facto de estar completamente embriagada e convictamente mal disposta, lhe ter vazado da pior maneira o jantar em cima do colo! Bem digamos que as calças tiveram que ir para lavar e o que vale é que tínhamos ido no seu carro!

Mas as noites de tour turístico para os amigos caldenses não acabaram por aí!


Fim da 1ª Parte



2ª PARTE - UMA MEMÓRIA FRÁGIL


Uns tempos mais tarde o meu querido amigo João Pedro Correia, João ‘’Mas’’ para os íntimos, decidiu visitar-me e conhecer ele também as noites lisboetas.

‘Bora para o Frágil!

Na altura o Frágil seria um dos bares mais em voga em Lisboa. Rumámos ao Bairro Alto e lá fomos tentar entrar no bar. Vá Lá! Tivemos sorte! A Margarida Martins (sim a agora Presidente da Abraço!) era a porteira do Frágil e tornara-se famosa por querer imitar os porteiros do Studio 54 em Nova Iorque, ou seja, só deixava entrar quem queria e de uma maneira muuuuuito subjectiva! Mas devia ter um novo amor naquele dia e estava particularmente bem disposta, deixando-nos entrar.

Medley Top 1984 - Parte 1

A noite foi óptima e recordo-me de ter visto o ex. ministro da cultura francês Jack Lang, de jeans, numa amena cavaqueira com alguém famoso cá do burgo.

Conhecemos então duas moçoilas e após muita conversa e alguns copos a coisa compôs-se e elas convidaram-nos para ir a sua casa.

Um parênteses aqui para explicar que eu nunca fazia más figuras quando estava com os copos, aliás ninguém conseguia saber quando eu estava com os copos excepto quando as coisas se sucediam. O meu único sintoma de bebedeira era esquecer-me por completo do que estava a fazer e ligar o piloto automático que me levava em segurança, e sem eu saber como, até casa! Só quando davam pela minha falta, presumindo que eu não andava a vadiar, os meus amigos sabiam o que tinha acontecido, e isso geralmente só podia ser confirmado na manhã seguinte (e é claro que muitas vezes essa desculpa me deu um jeitão!).

Medley Top 1984 - Parte 2


Bem, por volta das quatro da manhã saímos os quatro do Frágil. Elas tinham o seu carro na Rua Nova da Trindade e eu no Príncipe Real. O João Pedro ficou a acompanhá-las enquanto eu ia, já meio zombie presumo, buscar o meu carro.





Eram seis e meia da manhã toca-me a campainha de casa!

- Que raio! - Pensei eu. – Quem é que me está a tocar à porta a esta hora?! Espero que não seja alguém a dar-me uma má noticia! – Sempre que o telefona toca a horas despropositadas penso no pior.

- Quem é? – Pergunto pelo intercomunicador meio ensonado e com a cabeça a doer como um raio!

- João Pedro! – Respondem-me de baixo.

- Que raio?! – Estranhei. – Então mas ele não está já deitado? O que é que ele faz na rua?

Tento me lembrar do fim da noite mas não consigo.

O João Pedro entra-me em casa mas não vem muito zangado, apenas intrigado.

- Então pá?! O que é que te aconteceu? – Abre os braços inquisitivos. – Deixaste-me pendurado com as duas miúdas! Ficaram a pensar que tu és louco. Aliás que somos os dois loucos! – A irritação começou a transparecer na sua voz. – Fartámo-nos de esperar! Fomos á tua procura, preocupados, e finalmente deixaram-me ali plantado e foram para casa furiosas.

Eu fiz um trejeito de surpresa. Não me lembrava absolutamente de nada.

- Lembro-me de ter ido buscar o carro sim mas a partir daí estou com uma branca! – Tentei explicar. – Não me lembro de mais nada, pensei que tínhamos vindo os dois para casa.

- E não te lembras das miúdas? Estragaste uma grande noite, foi o que foi!

Eu encolhi os ombros, não conseguia mesmo me lembrar de nada.

- Ainda por cima eu não conheço Lisboa, não sabia o nome da tua rua, só o número da porta e do andar. – Continuava o João Pedro – Só sabia que ficava perto do Campo Pequeno e que o teu prédio é cor-de-rosa com uma arquitectura esquisita à Taveira e tinha duas portas, o nr. 20 e o nr. 22! Tive que apanhar um táxi para o Campo Pequeno e depois lá dei com a rua e com a casa! – Nessa altura já ele descia as escadas em direcção ao quarto.

Já não disse mais nada para não agravar a situação.



No dia seguinte íamos a sair para tomar o pequeno almoço ao Tic-Tac, na Avenida de Roma, quando me cruzo com o porteiro do prédio, o velho e educado Sr. Brettes, um retornado da Índia e depois de Moçambique a quem a vida fora madrasta.

- Boa tarde Sr. Caiado. – Cumprimentou-me com um sorriso muito divertido. – Então a noite ontem foi boa, hem!

- Como?! – Inquiri surpreendido.

- Bem, ontem durante a noite vim à rua fumar um cigarrinho e passear o cão e vi-o a chegar. – Explicou – Estranhei que não estivesse estacionado na garagem como é habitual e até subiu depressa demais o lancil ali do estacionamento!

Continuei a olhar para ele à espera da sua conclusão.

- Depois ficou uns bons dez minutos a olhar para o prédio como que a pensar qual era a porta por onde entrar! – Deu uma grande gargalhada! – Tive que o convidar a entrar!

Nossa Senhora da Agrela! Que vergonha! Juro que nunca mais me meto numa assim!


Fim da 2ª Parte

 
3ª PARTE - SARA
 
Passaram-se dois anos.

Vinte anos desde que o Dr. Leonel Cardoso me escrevera os versos, quinze anos desde o Magusto do Ramalho Ortigão, treze anos desde o exame da quarta-classe, das matinés do Casino, desde o meu encontro com a Iris. Tinham-se passado onze anos desde que o Miguel recebera a moto e seis anos tinham passado desde a excursão de finalistas.

O Verão estava agora a terminar.

Acabara uma intempestiva relação com uma menina que se viria a tornar uma das caras mais conhecidas do jet set nacional. E do jet oito!

Tentara esticar a minha adolescência até onde pudera. Trabalhava e estudava em simultâneo mas o espírito era o mesmo. Salvo nos períodos de exames e de frequências e/ou de maior aperto no trabalho, continuava a desfrutar bem das noites e dos fins-de-semana e sobretudo dos períodos de férias. Sentia-me ainda o mesmo adolescente que estudara no liceu do Parque e que fora uns anos antes para Lisboa.

Naquele Verão lancei-me numa corrida desenfreada de namoros por uma semana, de sábado à noite a sexta à noite! Tentava esquecer algo ou pressentia que era o fim de uma era?

Num sábado à noite do inicio de Setembro saio com uma amiga, a Luisa. Começamos pela Cave do Vale, depois Sitio da Várzea, está calor e vimos para a varanda, cá para fora. À minha frente na escuridão da noite estão o picadeiro e o velho court de ténis que eu inaugurei no dia em que a Daisy Ruano , dona da casa das palmeiras no centro da Foz , estreou as suas cavalariças e o seu court de ténis. Como a filha não conhecia ninguém das Caldas, pediram-me para vir jogar ténis com ela. Que seria feito dela, de todos eles?


Matt Bianco - Yeh-Yeh

Finalmente o Dreamers. Entro ao som do Matt Bianco ‘’Yeh Yeh’’! Entro pelo corredor à esquerda e vou cumprimentando aqueles com quem me cruzo, vou ainda beijar umas amigas que estão numa mesa sob a varanda em baixo. Digo adeus aos jogadores de snooker. Subo então com a minha amiga os poucos degraus que me separam da placa diante do bar e em frente da pista de dança dou de caras com o João Mas e uma amiga. A vida começa a pegar em algumas pontas!

O João Pedro vai para me apresentar a sua amiga mas eu nem o deixo terminar.

Como eu me lembrava dela! Há tantos anos atrás, com os seus quinze ou dezasseis anos, sentada no muro em frente ao Caravela na companhia dos irmãos e dos amigos! Como eu me lembrava do seu pólo azul e dos seus calções curtinhos de ganga cheios de remendos de gangas de outras cores (era assim que se usava!). Como eu me lembrava dos prolongados olhares trocados no Ferro Velho e no Green Hill. Ela, disse-mo depois, não reagia aos olhares pois pensava que eu era muito mais velho e estaria certamente mais interessado noutra que deveria estar nas proximidades, por outro lado as irmãs advertiam-na para a fama que eu tinha de não assentar!

Iria finalmente conhecê-la! Era certo que já conhecia um seu irmão e uma sua irmã, mas a ela perdera-a de vista pela sua ausência em Verões consecutivos.

Naquela noite penso que a Luisa acabou por estar muito mais tempo a falar com o João Pedro do que comigo pois eu aproveitara a oportunidade e parecia estar a tentar recuperar todo o tempo perdido, numa prolongada conversa com a amiga do João Pedro.

No final da noite ela disse-nos que na quarta-feira seguinte iria dar um jantar muito informal, após a praia, para alguns amigos, na sua casa de praia junto ao Palácio dos Viscondes de Morais. Por gentileza convida-nos a todos!

Na quarta-feira seguinte vejo-a na praia, está frio e o céu encoberto. Calções de caqui do tempo da tropa do seu pai, devidamente ajustados, claro, e mantém-se o gosto pelos pólos. Fico a observá-la à distância, vejo os seus gestos, o modo como brinca com as crianças. E o seu riso genuíno. Que riso feliz!



Aproximo-me para a cumprimentar, faz-me um largo sorriso e cumprimenta-me como a um velho amigo.

- Vais lá logo à noite jantar. Não vais?

Eu encolho os ombros. Explico-lhe que recebi o seu convite como uma gentileza, uma cortesia por estar diante do João Pedro quando o convidou. De qualquer modo o João Pedro estava naquele dia em Lisboa e não voltava a tempo do jantar e a Luisa partira para o Redondo.

- Que disparate! Eu convidei-te por ti, não por estares com o João Pedro – ralhou ela. – Tenho muito gosto em que venhas!

Anui com a cabeça.

– Então vou! – E fiquei-me ao pé dela pelo máximo de tempo possível.

O dia não descobriu e ela regressou a casa e eu voltei para os amigos na minha barraca, terceira fila a contar do inicio.

À noite chego a sua casa. Abre-me a porta a Bedi, no corredor cumprimento a Bébé que não vejo há um ano, depois aparecem os Sottomayor. Venho a encontrá-la na cozinha, à volta com os tachos e uma panela. Spaghetti al dente. Bonito, detesto spaghetti al dente!

O jantar contudo correu de forma excelente apesar de me sentir ainda um pouco deslocado nas conversas pois não fazia habitualmente parte daquele grupo mas cada sorriso dela dava-me alento para mais uns minutos. Devem ter sido muitos sorrisos!

No dia seguinte telefonei-lhe a agradecer e convidei-a para jantar no sábado seguinte.

Fomos ao Foz Praia, o Jaime, cozinheiro do Páteo da Rainha, mudara-se para aqui e com ele a sua famosa receita de arroz de tamboril. Vinho branco a acompanhar e a menina a ficar com as faces ruborizadas pelo vinho que nunca bebera.

Depois fomos ao Green Hill e encontrámos o Rui com as minhas irmãs, o circulo completara-se! Do Jamaica ao Frágil, do Dreamers ao Green Hill!

O Green Hill estava a abarrotar como era hábito nas noites de sábado, embora fosse já Setembro. Bebemos uns gins e circulamos sem dançar. Está quente e muito fumo. Ela detesta ambientes cheios de fumo! O cheiro agarra-se aos cabelos e não sai com o ar fresco!

Decidimo-nos pelo Dreamers e vamos todos em grupo. Pergunta-me se vale a pena levar a carteira. Digo-lhe que não. Não há necessidade e escusamos de estar na fila do bengaleiro no fim.

Cumprimento o Ranhadas e peço depois um whisky da minha garrafa, a número 8, o Rui tem a número 7. As raparigas ficam pelos vodca laranja mas ela não bebe álcool e fica-se por um sumo de laranja.

Matt Bianco - More Than I Can Bear

A companhia é tão boa que a noite prolonga-se. A pouco e pouco todos os amigos vão saindo e ficamos os dois, a sós, no meio da multidão. Estamos os dois no varadim, à esquerda da pista, a ver os que resistem na pista de dança e que ainda são muitos. Matt Bianco canta ‘’More Than I Can Bear’’ Digo-lhe que vou num instante à casa de banho. No bolso levo o dinheiro e a senha das bebidas.

Passam-se 10 minutos, meia hora. E eu não volto.

Preocupada pede a um rapaz que entre na casa de banho e veja se eu estou bem.

Não está ninguém!

Percorre toda a discoteca entre surpreendida e zangada mas não me encontra. Volta à entrada e pergunta por mim.

- Já saiu, há uma boa meia hora! – diz-lhe o Jorge que estava de serviço à porta.

Fica então furiosa. Boa! Como vai agora sair sem dinheiro e sem a senha das bebidas? Sem carteira e sem transporte?!

O que vale é que a casa é perto e os porteiros, o Jorge e o Zeca, são amigos. Explica-lhe a situação e o Jorge sorri-lhe. A conta já está paga, pode sair à vontade!



Conta-me depois que saiu disparada em passada larga em direcção a casa. Olha se morasse nas Caldas?! Nem quer pensar. Conta-me ainda que os primeiros engraçadinhos que pararam para se meterem com ela levaram com o maior chorrilho de asneiras que alguma vez disse e que não voltou a utilizar.

O que é que me tinha dado!

No dia seguinte acordo cedo, de cabeça um pouco pesada mas bem disposto. Faço uma visita à praça e perto da hora de almoço telefono-lhe para o fixo, ainda estavam longe os telemóveis!

- Mas que lata a tua!!! Que bicho te deu? És parvo ou quê? Como é que tu me deixas sozinha na discoteca? E com a conta por pagar! Onde está a minha carteira?

Fico completamente surpreso, só me lembro da noite até à altura em que fui à casa de banho. Depois é um vazio. Meu Deus! Entrei de novo em piloto automático! Há quantos anos isso não me acontecia. Lembrei-me daquela vez no Frágil com o João Pedro.

Voei para a Foz, enchi-me de mil desculpas, expliquei-lhe o que acontecera. Intercedi por mim e jurei que não deixaria que aquilo me voltasse a acontecer! Jurei, jurei e pedi desculpas até que ela acreditou em mim.

No sábado seguinte saímos de novo e enquanto eu ia no carro a subir para o Green Hill disse-lhe que um dia me casaria com ela. Ela riu-se, ainda nem sequer namorávamos! Eu nunca dissera isso antes a uma mulher, nem sequer o pensara, mas também nunca tivera uma convicção tão forte.

Eu tinha a certeza que aquilo iria acontecer como quando oito anos mais tarde eu lhe disse com a mesma convicção e sem nunca o ter dito ou tentado antes, que iria deixar de fumar naquele mesmo momento, com um SG Gigante nos dedos e 19 cigarros no maço! Até hoje!

Simply Red- The Right Thing

Entrámos no Green Hill, cumprimentámos o Sr. Beja na entrada e dançámos ao som dos Simply Red ‘’The Right Thing’’.

Nessa mesma noite, em casa da Célia Vibaldo, ouvíamos Cock Robin ‘’The Promise You Made’’, mais uma das músicas que me lembrarei para sempre e que ficaram como sendo uma das ‘’nossas músicas’’, músicas que não escolheramos mas que marcaram os momentos inesquecíveis dessa semana. Pensei então para comigo ‘’ou vai ou racha!’’ e beijei-a.

Naquela noite, vim depois a perceber, terminara a minha adolescência!

Cock Robin - The Promise You Made

Faz hoje exactamente vinte e quatro anos!

Uma nova fase da minha vida começara, mais responsável, menos agitada, mas muito mais gratificante.

Uma vida com grandes alegrias e pequenas tristezas que me fazem muito mais querer prosseguir para o capítulo seguinte do que voltar às memórias de um passado distante. Uma vida a dois, a quatro e depois a seis, com momentos inesquecíveis, sofridos ou felizes que para transcrever com maior exactidão teria de recorrer não a crónicas mas a poemas!


Aos meus filhos

para saberem como fui
para saberem como foi


FIM



Fleetwood Mac - Sarah

Jefferson Airplane - Sarah

domingo, 12 de setembro de 2010

BANANA POWER FENÓMENO DOS ANOS 80


Foto de Carlos Abreu - Espaço de Fans do Banana Power no Facebook

TEXTO DE APOIO À CRÓNICA : O FIM DA ADOLESCÊNCIA


Discoteca. Frequentada por ministros, diplomatas...


por Rita Roby Gonçalves 07 Fevereiro 2009

Certa noite o então primeiro-ministro, Francisco Pinto Balsemão, chegou com a namorada, Tita Presas, para mais uma noite de descontracção e muita dança. Ao deparar-se com Manecas Mocelek, um donos da boite, Balsemão disse em tom de brincadeira: " Então Manecas como vai a noite?". O outro retorquiu em tom irónico: " A noite vai bem, não sei é como vai o dia. Você trate do dia que eu trato da noite". A gargalhada foi geral e o episódio ficou para a história do Banana Power conhecido, simplesmente, como Bananas.

Inaugurado a 1 de Junho de 1981, em Alcântara (onde se encontra actualmente a discoteca Twins), o Bananas representou um balão de oxigénio para uma sociedade ávida por descontrair após as tensões do pós 25 de Abril. Verdadeiro fenómeno, desde a primeira noite arrastou multidões de todas as idades que não se importavam de esperar numa fila que se arrastava por 300 metros e chegava ao largo de Alcântara. Hoje, os saudosistas dizem: "nunca mais houve nada assim".

A história do Banana Power tem raízes ainda antes da revolução. No início da década de 70, Manecas Mocelek, Jorge Caiado e Diogo Saraiva e Sousa fundaram a boite Stone's. Mas em 1975, perante ameaças de bomba e outros contratempos próprios desse ano quente, Mocelek fugiu para Angola, depois para o Brasil e acabou a trabalhar como director da discoteca Via Brasil, em Paris, propriedade do seu amigo Gui Casteja. Mais tarde foi convidado para dirigir o famoso Regine's no Rio de Janeiro e em Salvador.


Manecas Mocelek


Preparado para regressar a Portugal, no início dos anos 80, Mocelek desembarcou em Lisboa com muitas ideias inovadoras.

" Ele queria fazer um espaço como tinha visto lá fora: com boite, clube privado e restaurante", contou ao DN Jorge Caiado um dos sócios fundadores do Bananas (os outros eram Hermano Margarido, Miguel Polignac, Luís Nogueira e António Ferreira de Almeida).

A estética de John Travolta, globos de espelhos cintilantes, disco sound e o filme Saturday Night Fever tiveram uma influência determinante na criação do Bananas. Os hits internacionais chegavam aos decks do DJ pela mão do pessoal de bordo da TAP que viajava com uma lista de encomendas musicais pedida expressamente pelos donos da boite.

Foto de Carlos Abreu - Espaço de Fans do Banana Power no Facebook

Os tempos eram outros e os discos chegavam a Portugal nessa altura com muitos meses ou até anos de atraso em relação ao seu lançamento na maior parte dos outros países da Europa, que então parecia longínqua em tantos aspectos.

"Tínhamos amigos em companhias aéreas a quem pedíamos a lista semanal de hits da revista Billboard. Chegávamos a ter discos que a Valentim de Carvalho só tinha à venda três ou quatro meses depois", contou Jorge Caiado.
Foto de Carlos Abreu - Espaço de Fans do Banana Power no Facebook


À porta o critério de selecção era muito rígido. Vítor, o porteiro, sabia bem o tipo de clientela que agradava a Manecas Mocelek. "Não havia elitismos. Queríamos era gente gira e divertida. Provavelmente muitas das pessoas que hoje aparecem nas revistas cor-de-rosa não entrariam no Bananas naquela altura", confessou Jorge Caiado.

Oscar e o meu amigo Vitor , os porteiros do Bananas
Foto de Carlos Abreu - Espaço de Fans do Banana Power no Facebook

Bilhete de 28 de Junho de 1981
Foto de Johnnie Seguro Simões - Espaço de Fans do Banana Power no Facebook


Na rua lateral à entrada principal, outra porta mais discreta dava acesso a um bar e restaurante, separados do resto da boite por uma divisão em vidro, a que se convencionou chamar "o privado". Era esse o espaço dos amigos dos donos, um lugar exclusivo a que só um grupo reduzido de pessoas tinha acesso.

O ''Privado''
Foto de Carlos Abreu - Espaço de Fans do Banana Power no Facebook


Para entrar era preciso ter um cartão ou ser convidado por um membro daquele "clube" restrito. Em dois anos, foram distribuídos 600 cartões de acesso ao "privado".

Foto de Carlos Abreu - Grupo de Fans do Banana Power no Facebook



A decadência chegou depois. Três anos e meio após a inauguração, um novo grupo de sócios juntou-se a Manecas Mocelek e a Jorge Caiado.

Entre os novos investidores encontrava-se Tomás Taveira. Com a construção das torres das Amoreiras, o arquitecto estava na berra e tinha conseguido entrar em certos círculos da alta sociedade. Todos juntos à frente dos desígnios do Bananas duraram pouco. Primeiro saíram Manecas Mocelek e Jorge Caiado, depois o escândalo sexual que envolveu o arquitecto e a abertura da discoteca Alcântara-mar a poucos metros de distância encarregaram-se de afastar a clientela e de acabar com a boite mais famosa de Lisboa.

Vitor Paixão, Bininho, Vitor ''Fantástico'' e José Augusto, os Barmen
Foto de Carlos Abreu - Espaço de Fans do Banana Power no Facebook


Os Vitores no ''Privado''
Foto de Carlos Abreu - Espaço de Fans do Banana Power no Facebook



In Diário de Noticias

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

EM JEITO DE CRÓNICA - PASSAGEM DE TESTEMUNHO


Por vezes perguntam-me se todas as minhas estórias são verdadeiras, eu respondo que sim, que faço absoluta questão nesse ponto. É essa condição que me torna aliciante este tipo de escrita em contraponto às escritas ficcionais.

Mas é também um factor extremamente limitativo, estou condicionado pela veracidade dos factos, como se não bastasse já as duas outras condicionantes às minhas crónicas, terem uma relação com a minha terra e reportarem a um determinado período de tempo muito específico, dez anos que vão de 1972 a 1982, a data da minha ida para Lisboa.

Farei apenas uma excepção a esta regra, pois os factos relatados são determinante para enquadrar a estória e dar-lhe sentido. Será na crónica com que fecharei este ciclo e terá o título ‘’O Fim da Adolescência’’.

A minha caricatura da autoria de Luis Anglin de Castro (obrigado Luis e Cristina e obrigado Teresa Lamy), que foi colocada à entrada do Sitio da Várzea na festa de sábado e foi uma boa partida que me foi pregada pela minha irmã Xinha e por alguns amigos queridos trouxe-me à memória uma outra caricatura, essa já com quarenta e quatro anos!

Em meados dos anos sessenta, nas longas noites de Verão, os meus pais frequentavam o Casino das Caldas e isso fazia com que eu por vezes tivesse que apanhar valentes secas a aguardar que acabasse o serão para poder regressar a casa. Um dia já desesperado de sono, gatinhei para baixo de uma mesa de jogo da canasta onde jogavam a minha mãe, a minha avó materna, a D.Laurinda Cardoso e a D. Maria da Natividade (avó do João e da Kika Gancho, do Pedro e da Ritinha Bernardo, do Miguel e do Ricardo Hipólito, entre outros netos) e decidi dar uma mordidela no tornozelo da minha mãe para lhe fazer ver que a minha birra era mesmo para levar a sério.

Não sei como aconteceu mas enganei-me na canela e acabei a morder o tornozelo da D. Maria da Natividade.

Um dos mais queridos e renomados artistas caldenses, o Dr. Leonel Cardoso antecipou o que iria acontecer na minha vida de peripécias. E arriscou editando uma caricatura e um poema a mim dedicados numa edição da Gazeta das Caldas onde durante tantos e tantos anos publicou semanalmente e desta forma humorística, uma dedicatória às mais ilustres personalidades caldenses.

Ficou assim para a posteridade e duma forma quase surpreendente, um retrato de um miúdo, praticamente anónimo, face à enorme notoriedade dos outros retratados.

Como poderão ler nos seus versos, já naquela altura, com dois ou três anos, eu não seria uma pêra doce, ao ponto de merecer um reparo no principal órgão de comunicação caldense!

E depois verifico que no blog dos Antigos Alunos do Colégio Ramalho Ortigão é dado grande ênfase a um Magusto efectuado em 1971 como momento alto de convívio entre os alunos do Colégio. E lá apareço eu, à socapa e como quem não quer a coisa, em três fotografias. Recordo-me que foi nesse Magusto realizado num casal entre a zona do Casal Belver e a Quinta da Boneca que provei pela primeira vez àgua-pé. Tinha sete anos!

Vocês viram o filme Forrest Gump com o Tom Hanks? Pois!

Falando agora a sério, na realidade eu não vivi mais estórias do que qualquer um de vós. Eu apenas as valorizo e faço delas uma elegia à vida e à amizade! Pensem nisso!

Voltando à crónica ‘’O Fim da Adolescência’’ esta será editada em três pequenas partes nos dias 10, 12 e 14 de Setembro e concluirá, como referi, o fim deste ciclo de crónicas.

Não que não haja mais estórias para contar, desde a estória da Biblioteca Gulbenkian do parque e de uma carrinha da biblioteca itinerante que acabou como nosso principal ponto de namoro à porta de uma conhecida discoteca; às estórias do segundo andar do Diogo Sampaio Guimarães; ao segundo sótão do Kiko e ao relato das passagens pelas Caldas da conhecida actriz Alexandra Lencastre e da cantora Ana Deus (ex. Ban, ex. Três Tristes Tigres); do inicio da prática de Baseball e do Windsurf nas praias da Foz e ao dia em que nos idos de 1977 mulheres nuas desfilaram pelas Ruas das Montras; até aquele dia em que um famoso actor de telenovela brasileira dos tempos do Bem Amado e de Dancin Days, me sai pela porta da casa de banho lá de casa, ainda molhado por um duche acabado de tomar, perante a estupefacção de toda a minha família que não conhecia o homem senão da televisão, nem sabia como é que raio ele teria entrado lá em casa!

São outras estórias mirabolantes que ficarão para outra altura!

Agora é tempo de descansar, de um ritmo constante e quase diário da escrita, de ter mais disponibilidade para a família, de no pouco tempo livre viver mais tempo para o presente do que para recordar o passado.

Mais tarde voltarei com mais um novo ciclo de crónicas mas sem a exigência a que me auto-impus de editar crónicas ao ritmo necessário para manter o vosso interesse neste espaço. Vejam isto como as temporadas das séries americanas. Agora vai acabar a primeira temporada e mais tarde, se houver audiência que o justifique, será transmitida a segunda temporada.

Logo no inicio da criação deste grupo fiz um apelo para a participação de todos. Como referi então, eu não participei em todas as vivências, não tenho todas as memórias. Não posso recordar locais, pessoas e factos que não conheci mas que existiram. Nem tão pouco quero relatar factos de que ouvi falar ou de que me falam mas que não vivi.

As minhas memórias são apenas uma fracção de como se vivia naquele tempo. Insuficientes contudo para gerar um retrato completo daquela geração. Compete a vós ir completando a estória e escrever a História.

Já somos mais de 600! Se todos escreverem um único texto, derem testemunho de apenas um facto, lembrarem uma só pessoa que mereça ser recordada, então poderemos manter este grupo por mais dez anos.

Agora passo esse testemunho, não a outro mas a todos vós. Bastará uma estória por semana, façam uma a cada 10 anos, e o grupo e o que ele representa, não morrerá! O movimento de reunião, de aglutinação, de pacificação, de compreensão, que encetámos aqui, não pode parar. Vocês sabem disso!

Eu não peço muito, todos têm certamente estórias engraçadas para contar, amigos para recordar. Não é importante que escrevam bem ou que não dêem erros. O que importa é o conteúdo, não a forma. O importante é não deixarem este espaço morrer. Seria uma pena!

Pensem na nossa Festa, quase 900 amigos em celebração, pensem em todas aquelas emoções que sentimos durante aquela noite. Quando falei em ser uma noite mágica pensei na magia que estaria no ar e que a maior parte de nós iria apanhar. Para alguns foi apenas mais uma noite, talvez tenham já perdido um pouco da sua inocência, talvez precisem de voltar a ser Peter Pan, lembrarem-se da genuinidade dos seus afectos em criança e na juventude. Talvez tenham deixado que a vida adulta lhes tenha tirado por ora a magia. Mas ela vai voltar, certamente e através da convivência neste espaço.

Se tudo correr bem, se o grupo começar a interagir e houver maior participação então este espaço sobreviverá facilmente à ausência das minhas crónicas e se viermos a constatar que este espaço realmente nos importa, então ainda voltarei a tempo com um novo ciclo de crónicas e quem sabe, poderemos vir a ter uma festa ainda maior no próximo ano. Ideias não me faltam! Eu prometo!



Quero agradecer sobretudo à Cláudia Tonelo, ao Albano, à Élia, à Sissi, ao João Paulo Feliciano, à Luisa Pires, ao António Vidigal, à Lena Mendes, ao Nuno Aniceto (Parrila), à Maria João Menino, ao Tó Castro, ao Paulo Arnaldo e a todos os que têm colaborado activamente neste espaço.

Obrigado a todos por terem estado comigo nesta aventura.


No sábado houve magia no ar e ela foi criada por todos nós que partilhámos aquele momento!


Paulo Caiado



Onde quer que nos encontremos,
são os nossos amigos
que constituem o nosso mundo.


William James






LEONEL CARDOSO



Leonel de Parma Cardoso

Licenciado em Ciências Económicas e Financeiras, nasceu a 9 de Setembro de 1898, em Caldas da Rainha. Durante quase toda a sua vida, marcada pela longevidade, exerceu fecunda e heterogénea actividade artística, que se desenvolveu em duas vertentes principais letras e artes plásticas. O seu primeiro contacto com o público data de Setembro de 1917 numa exposição de Caricaturas nas Caldas da Rainha a que se seguirão muitas outras individuais e colectivas. E de salientar o seu poder imaginativo que se revela através da criação de numerosas figuras de Cerâmica que reflectem a influência do meio em que nasceu. O Humorismo é uma constante na sua obra expressa sobretudo na caricatura.


Não, isto não basta!

Terei que dizer que o Dr. Leonel Cardoso e a sua esposa D. Laurinda eram dos maiores amigos dos meus avôs maternos e foram sempre extremamente afectuosos comigo.

E que esse carinho continuou através dos seus filhos e respectivos cônjuges, o Almirante Leonel Cardoso e a minha querida Dôdô que sempre me telefona pelos anos e que mesmo quando vivia em Londres não se esquecia de me trazer os meus gatinhos e carrinhos de chocolate, o seu filho Néné que me ensinou também a jogar ténis e o General Pedro Cardoso e a Teresinha de quem nunca vi sem um sorriso nos lábios, o que aliás o seu filho, o nosso querido e saudoso Pedro herdou, a Zitinha e o Jorge Sottomayor, o mais bonito par do casino e o seu filho Luis Miguel (Gé-Gé para os amigos), um grande amigo e um dos meus primeiros professores de ténis.

Uma família atingida por constantes infortúnios mas sempre mantendo um sorriso nos lábios para receber e confortar os amigos. Uma família, um nome, que honra o país, as Caldas e a nós seus amigos.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

ELEIÇÕES PARA ASSOCIAÇÃO DE ESTUDANTES

DOCUMENTOS PARA A POSTERIDADE - LISTAS CONCORRENTES NO ANO DE 1980






Posts de Fernando Antero Pereira e Nuno Jorge Aniceto (Parrila)