segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

FRAGMENTOS DE MEMÓRIA I


Ao escrever Praça da Fruta outras memórias me surgiram. As recordações são como um novelo por desfiar!

A Góia não foi a primeira loja do João e do Adelino. Na realidade eles começaram numa loja situada num primeiro andar de um  prédio da Praça do Peixe e posteriormente tiveram uma outra loja num prédio muito antigo do outro lado da rua onde se localizava a Góia. Vendiam roupa quase ao desbarato e que se expunha empilhada sobre caixas, mesas e balcões, também servia esta loja para despachar os restos de colecção e os monos da Góia. O nome da loja conforme recordou o Chico-Zé Ferreira era ‘’Bom Preço’’ mas a minha mãe referia-se a ela como sendo o ‘’barateiro’’.

Ao lado ficava a loja dupla do JL Barros. Do lado esquerdo ficava a secção de artigos de pesca, a área de espingardaria e de venda de taças para competições desportivas.

Na montra eu admirava as raquetes de ténis da Tretorn, Slazenger, Wilson (Jack Kramer, Matchpoint), Dunlop (Maxplay), Prince, Donnay e Spalding. A minha primeira Tretorn, uma pequena raquete adequada aos meus 6 ou 7 anos foi comprada aí. Posteriormente passei a comprar o equipamento de ténis, sobretudo raquetes e bolas, num primeiro andar sobre, salvo erro, a ourivesaria da praça, antes da Frami.

Lembro-me quando o meu pai me comprou a minha primeira (e última!) cana de pesca no JL Barros, e que era pequena, fininha e branca, comprei também no momento, o isco, pois quis ir logo pescar para o cais da lagoa. As minhocas vinham ainda na lama embrulhada em papel de jornal!

Do outro lado ficava a restante zona de venda, sobretudo de vestuário e calçado desportivo que se estendia ao primeiro andar e até à rua das traseiras. A particularidade desta loja é que tinha um balcão de pagamento autónomo com uma caixeira. Mesmo ao lado da porta de saída. Uma originalidade que hoje vimos em algumas farmácias mas que era pouco comum nas Caldas.

Mais abaixo ficava uma loja de móveis e de alcatifas e depois da Cascata, o talho do Sr. Silvino que mereceu, coitado, muitos telefonemas nossos a perguntar se tinha pés de porco e mãos de vaca!

Voltando à loja inicial do João e do Adelino, o prédio não tinha placa e o tecto da loja começava a ficar abaulado. Contudo nada que se comparasse com o tecto da sapataria Macadi (de MArio CArvalho DIas) que tinha alguns tectos já muito curvados como se recordam certamente a Mizá e o Graciano que estão por aqui neste grupo.

E voltando de novo à Góia, posteriormente foi aberta uma segunda casa, que ainda existe, no edifício Franjinhas, na Rua Braancamp em Lisboa.

Uma das funcionárias da Góia (não me lembrava do nome mas o Chico-Zé lembrou-me que era Alice) viria a abrir a discoteca Queen’s que ficava na Rua Heróis da Grande Guerra onde agora é a Lanidor ou ao lado e que já foi um restaurante chinês.

Ao cimo da praça, na Calçada Frei Jorge de São Paulo, existia um funileiro. Um dos últimos que me lembro, os outros eram na Travessa da Cova da Onça, ao cimo da Rua de Jardim ou já na Cap. Filipe de Sousa,, na Rua do Jasmim, perto do C.C. da Avenida e outro na Rua António Lopes Júnior. Provavelmente espalhados pela cidade haveriam outros.

Também ao cimo da Praça e por trás do posto da PSP ficava o quartel da GNR e as suas cavalariças, de que ainda resta o portão. Davam para a Rua Diário de Noticias diante das estrebarias que ficavam sob os prédios do inicio desta rua. A GNR tinha um corpo equestre, o equivalente aos Subaru de agora!

Pelo menos não tinham de andar com uns lenços a tapar a boca e o nariz por causa dos fumos no habitáculo! Os odores eram outros!

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