quarta-feira, 9 de junho de 2010

UMA FOLHA



Uma caneta a tocar o papel, hesitante e pouco firme. A mão, a tremer, pousa a caneta na mesa de madeira e segura o papel por uns instantes... fecha os dedos e, violentamente amarrota o pedaço de papel.

Novamente segura a caneta, mão trémula a escrever numa folha branca, reluzente, aguardando manchas de tinta preta. Inseguras, surgem letras desenhadas, procurando formar palavras... mas as mãos seguram a folha e rasgam-na violentamente. Com menos firmeza a caneta toca numa outra folha branca e preenche-a com letras trémulas... para de seguida pegar fogo e reduzi-la a cinzas.

Após algumas horas, a caneta é fechada com mãos trémulas e guardada num bolso, enquanto o cinzeiro transborda de restos de folhas violentamente destruídas... palavras destruídas.

Levantou-se, afastou a cadeira, e desapareceu calma e serenamente.

Na mesa, numa folha, viam-se as palavras:
amo-te. Até logo, quando nos reencontramos.


(post de Claúdia Tonelo, escrito em 26 Abril 2002 01.30h)

Jorge Palma - Estrela do Mar

Sem comentários: